«O pisco caracteriza-se por um pio triste, sem sonoridade que parece dizer 'tziu' e pelo seguinte gesto: depois de farto voa para cima de uma pedra pouco elevada, ergue a cabecita, fita o firmamento com ares senhoris, eriça as plumas como os caninos os pêlos do lombo, quando querem acometer, encolhe-se como os gatos para melhor formarem o salto
, distende-se rapidamente e esboça gesto de se atirar para o espaço, mas fica-se, nem sequer levanta os pés, recai na momice típica e contenta-se com soltar o seu 'zio', ainda mais tristonho por lhe ter suprimido o 't'!
O povo, para explicar estas modalidades inculcadoras de 'entradas de leão' degeneradas em 'saídas de sendeiro', diz que o pisco ouviu já ao longe, muito longe, o som do trovão e, ufano, subiu à pedra, gritando a Deus que era capaz de pegar no céu se o quisesse deitar abaixo. Tendo, porém, restalado a tempestade sobre a sua cabeça, encolheu-se e suplicou aterrado:
Senhor, tende misericórdia!
Não façais caso do que diz o pisco;
Tem as pernicas mui delgadas,
Quebram como se fossem de cisco.»
Abade de Baçal, Memórias Histórico-Arqueológicas do Distrito de Bragança, tomo XI, pp. 286-288
O povo, para explicar estas modalidades inculcadoras de 'entradas de leão' degeneradas em 'saídas de sendeiro', diz que o pisco ouviu já ao longe, muito longe, o som do trovão e, ufano, subiu à pedra, gritando a Deus que era capaz de pegar no céu se o quisesse deitar abaixo. Tendo, porém, restalado a tempestade sobre a sua cabeça, encolheu-se e suplicou aterrado:
Senhor, tende misericórdia!
Não façais caso do que diz o pisco;
Tem as pernicas mui delgadas,
Quebram como se fossem de cisco.»
Abade de Baçal, Memórias Histórico-Arqueológicas do Distrito de Bragança, tomo XI, pp. 286-288
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